quarta-feira, 30 de abril de 2008

Internet e Igreja, relação a ser aprofundada

Encontro da Comissão Episcopal Européia para a Mídia

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 29 de abril de 2008 (agência
ZENIT.org).- A relação Internet-Igreja foi o tema central do encontro do comitê executivo da Comissão Episcopal Européia para a Mídia (CEEM), que aconteceu na Casa Santa Marta, no Vaticano.
Os participantes, recorda o comunicado final enviado à Zenit, aprofundaram no tema da próxima Assembléia Plenária, «A cultura da Internet e a Igreja», que reunirá em Roma em março de 2009 os bispos presidentes das comissões episcopais para as comunicações sociais das conferências episcopais da Europa, acompanhados por alguns especialistas.
A cultura da web, observou-se, é uma cultura de rede. «É uma rede horizontal de pessoas que cada vez mais dialogam entre si – explica o texto. É uma tecnologia horizontal caracterizada pela capilaridade (acesso usuário individual), conectividade (possibilidade de entrar em relação com outros usuários), sociabilidade (fala-se de redes sociais), onde a partilha do saber e as relações entre indivíduos se revelam como centrais».
Estas características da web, observa o comunicado, «começam a ter efeitos sobre nossas sociedades e são especialmente visíveis entre os jovens».
São fenômenos ligados aos processos de definição do valor que agora são horizontais, porque «quem define o valor já não é um adulto, mas a rede dos amigos», e «a substituição das relações comunicativas interpessoais com o simples contato: a finalidade é o puro contato e a comunicação é simplesmente um pretexto, e não o fim».
Pela importância do tema, reconhece o texto, em 2009 «os bispos europeus responsáveis pela mídia procurarão analisar os efeitos da cultura da web na nossa sociedade, e na Igreja; verificarão como os cristãos podem investir nesta cultura, e que contribuição a web pode oferecer ao diálogo ecumênico e inter-religioso».
Ao longo do encontro, o presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais (PCCS), Dom Cláudio Maria Celli, apresentou as atividades do dicastério vaticano.
Se a Igreja já está há muito tempo presente no mundo da mídia, reconheceu, hoje está chamada a «pensar e revisar sua estratégia comunicativa de forma que seus recursos sejam coordenados melhor».
Para conseguir este objetivo, o PCCS está trabalhando em «uma série de obras em construção», que têm como objetivo: «a formação dos agentes pastorais da comunicação»; «uma constante referência e diálogo com as instâncias universitárias que se ocupam de comunicações sociais para compreender qual deve ser a identidade e a missão das faculdades de comunicação social de uma universidade católica»; «um maior conhecimento da realidade das rádios católicas»; «um renovado empenho na reflexão teológica sobre a comunicação».
Do mesmo modo, promovem «a abertura às novas formas de presenças audiovisuais de certo alcance internacional, como a jovem realidadewww.h2onews.org», «o prosseguimento do trabalho posto em andamento com a rede informática latino-americana RIIAL (www.riial.org)», e «a proposta de novas transmissões de momentos significativos da vida da Igreja».
«Os meios de comunicação católicos devem ser uma presença, uma companhia constante, uma proposta para estas pessoas em busca de Deus», afirmou o presidente do PCCS.
«Devemos evitar ser auto-referentes e falar só de católicos a católicos, esquecendo das pessoas que não fazem parte de nossas comunidades e que estão em busca», acrescentou.
Durante os dois dias do encontro, fez-se também a apresentação, por parte dos bispos responsáveis de grupos lingüísticos regionais europeus e de seus especialistas, das atividades desenvolvidas no último ano.
Dos informes, revela o comunicado, surgem algumas tendências positivas, como o crescimento da presença da Igreja na mídia e um renovado interesse pela esfera religiosa, mas também situações problemáticas como «a banalização de alguns eventos litúrgicos de relevância nacional e internacional que tendem a reduzir o caráter litúrgico do evento (matrimônio, funerais...) a verdadeiros ‘talk shows’ televisivos».
Do mesmo modo, lamenta-se «a instrumentalização da Igreja com fins políticos, sobretudo nos debates que tocam temas éticos», «a redução da Igreja a uma instituição interessada em defender os próprios interesses» e «uma visão da religião como fator problemático para a convivência».
«É necessário difundir uma imagem da Igreja baseada no testemunho de seus fiéis e a apresentação da mensagem cristã – conclui o texto. Hoje se exige coerência e autenticidade.»
A CEEM é uma comissão especializada do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) que continua o desenvolvimento da mídia e das comunicações eclesiais, favorece o trabalho das conferências episcopais neste campo e elabora opções de política de mídia.
São membros do comitê executivo da CEEM os bispos responsáveis das cinco áreas lingüístico-regionais européias, junto a seus especialistas e alguns responsáveis de organismos europeus para os meios de comunicação.

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